quarta-feira, 2 de março de 2011

Neide Araújo Castilho Teno




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MEMORIAL DE FORMAÇÃO


MEMÓRIA E HISTÓRIA DE UMA FORMADORA DE PROFESSORES

Memória e História: cacimba inesgotável


Descrevo, aqui, minha trajetória de vida e trajetória docente, pois ambas estão ligadas entre si. Gostaria de iniciar este texto lembrando as palavras de um dos muitos mestres, de um poeta dos ervais com quem convivi e aprendi muita da vida. Bebi da fonte de sua cacimba e juntos relembramos histórias as quais as guardo para sempre. Assim inicia a memória de Hélio Serejo:

Eu sou o homem desajeitado e de gestos xucros que veio de longe. Eu sou o homem fronteiriço que na infância atribulada recebeu nas faces sanguíneas os açoites desse vento, vadio e aragano [...] Eu vim dos ervais, meus irmãos, do fogo dos “barbaquás”, do canto triste e gemente dos urus, dos bailados divertidos, dos entreveros dos bolichos das estradas, do mais hirsuto da paulama seca, do pôr do sol campeiro, dos dutos, das encruzilhadas e das distâncias perdidas.[...] Eu vim de longe, eu sou um misto de poeira de estrada, de fogo e de queimada, de aboio de vaqueiro, de passarada em sarabanda festiva no romper da madrugada, de lua andeja rendilhando os campos, nas matas, as canhadas, o vargedo. Sou misto, também, de Índio vago, cruza-campo e trota mundo.[...] Eu vim, em verdade, dos charcos e da poeira revolvente dos tempos, mas com o conforto grandiloquente de ter sido guiado por essa luz marífica que é o farol divino que indica, este tormentoso vale de lágrimas, aos bons e aos puros de espírito o caminho certo da vida. [...] Fui gemido de carreta manchega no estirão da serra íngreme e, o fui, também, envaidecido tropel de tropilha crioula e índio aragano, trilhador de todos caminhos.
Hélio Serejo - 1973


A história de Hélio Serejo repete-se na história de vida de muitos professores. Na verdade, repete-se um pouco, também, no texto da minha vida. Procuro coisas que me constituem como pessoa e que, subjetivamente, me dão prazer e me inspiram a narrar sobre meu percurso profissional. Semelhante a Hélio Serejo eu vim de longe, do interior de São Paulo, das lutas do campo, da época áurea da construção da barragem Urubumpungá, cidade de Andradina. Eu vim da Terra de Moura Andrade, da terra do boi. Vivi na região do Campestre, proximidades do Rio Feio, rodeadas de fazendas promissoras.

Venho de longe, mas aproximo cada vez mais de meu objeto de pesquisa quando me apropriando de Hélio Serejo falo por meio de figuras de linguagem com a intenção de narrar e rememorar minha experiência, meu percurso.

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Sinto-me como uma cruza campo uma trilhadora de caminhos quando, olhando para trás e recuperando minha trajetória vejo um caminho que me distancia do lugar onde nasci, observo que já percorri campos araganos, conheci pessoas, fiz laços afetivos, deixei marcas e personagens que foram se constituindo durante esse trajeto. Essa trilha percorrida que, inicialmente foi em decorrência dos meus pais, foi também fruto das minhas necessidades pessoais, que em busca de desafios, acabaram se transformando em novas conquistas.

Sinto-me também como uma fiandeira, a medida em que em cada um dos lugares onde trilhei consegui tecer uma intimidade com as pessoas, talvez pelo fato de me identificar com as causas, e ideais dos professores. As histórias, as tradições e as vivências do grupo de professores com quem convivi em diferentes lugares, certamente influenciaram minha formação. Empreitei de Raquel Naveira (1992) e Hélio Serejo (1973) as metáforas de trilhar e tecer caminhos para falar dos lugares que venho ocupando nessa minha trajetória.

Chego ao doutorado como uma trilhadora de caminhos que vai tecendo com fios ora curtos, ora longos, construindo ponto a ponto cada pedaço de minha vida. O sentido e a tessitura termos utilizados por (FÁVERO; KOCH, 1988) se bem utilizados é o que vai dando corpo ao construto texto e tornando a vida incansável e cheia de esperança. Esse fio de esperança que não me deixa desistir nunca da minha caminhada que sempre foram acompanhadas de leituras não só de poetas amigos como: Manoel de Barros, Emanuel Marinho, Raquel Naveira, Rutênio Marcelo, professora Glorinha de Sá Rosa, Professor José Pereira Lins como de estudiosos da lingüística que me ensinam os caminhos das letras. Nesse eu destaco aqueles que me fizeram professora de língua portuguesa Ezequiel Teodoro da Silva[1], Massini Gladis Cagliari[2], Aparecida Negri Isquerdo[3].

Foram acompanhas também, e agora mais recente de leituras de artigos que tratam da linguagem e da filosofia e destaco Foucault (1981,1986) entre outros apontados pela Revista Filosofia Especial[4] e a Revista Filosofia-Mente e Cérebros.

A leitura sempre foi o meu fascínio, o remédio para meu sono. O jogo das palavras, as rimas, as combinações sempre gostei de fazer com esmero e, como mais um fio que compõe a trama de minha trilha fui acompanhada de leituras de estudiosos que falam de professores, de poesias, de experiências de vida e formação de professores, dentre eles posso falar de Josso (2004), Nóvoa (2000), Nóvoa & Finger(1988), Zeichner (1993), Perez (2003).

A leitura de parte do livro de Josso (2004) chamou minha atenção pois suas histórias falam da formação do sujeito que aprende e como aprende. Ela mostra a importância das Histórias de vida como instrumento para compreender os processos de formação dos professores.

O livro de Pérez ”Professores alfabetizadores: histórias plurais, práticas singulares” da Editora & Dp 2003 está sendo uma outra leitura prazerosa pois nele eu me vejo, essa pesquisadora rememora histórias, narra experiências vividas no interior da escola que muitas vezes se parecem com minhas histórias. A forma como Perez lida com a linguagem em sua tese de doutorado vai além de uma pesquisa científica, o que vejo é uma demonstração das subjetividades vividas e o seu texto é todo narrativo.

Essas e outras leituras levaram-me a culturas diferentes umas das outras, tornando-me, mais consistente; muitas não serviram exatamente para discutir o tema da formação de professor, mas foram importantes para ampliar minha compreensão de mundo. De certa maneira essas leituras me introduziram no âmbito da filosofia ao mundo, aos sábios.

Puxando um outro fio da minha trajetória fui acompanhada de leituras que não posso chamar de leitura por prazer conforme declara Barthes (2002, p.20-21) “que o texto de prazer é aquele que traz satisfação e está ligado a uma prática segura da leitura - e texto de fruição - aquele que questiona as bases históricas, culturais e psicológicas do leitor” mas posso chamar de leitura da beleza das palavras, leitura conhecimento.

Puxando da minha memória outra lembrança, falo ainda sobre meu bem maior, a leitura, e resgato a importância da leitura nos textos de Graciliano Ramos, e tenho que dizer que o encontro com seus livros foi empatia mesmo. Eu lia e inesperadamente viajava nas suas narrativas como se aquela história fosse minha. Essa vontade de ler, ler muitas vezes e se colocar no lugar do outro, descobrir coisas até então não percebidas fui contagiada por pessoas da minha convivência escolar, pois no meu caminho encontrei pessoas que gostavam de ler e que foram capazes de me passar esse gosto. Eram trechos de livros lidos por uma professora que colocava todos os alunos em fila, um ao lado do outro e lia fazendo coro, ou imitando vozes, mostrando o lado interessante e divertido da literatura.Eu soletrava, lia em coro,lia alto queria que todos ouvissem minha voz.

Foi no ensino médio e no meio acadêmico o meu encontro com os livros de contos, poesias e romances de grandes autores nacionais. Essas experiências de leitura por prazer e fruição é como viagens a lugares diferentes, encontros com outras formas de pensar e de ver o mundo. Por mais que eu destaque aqui meu envolvimento com as varias leituras e autores ao longo de minha trajetória, nesse memorial, não será possível detalhar sua amplitude.

Houve uma época em que me distanciei dos meios acadêmicos quando tive de mudar da cidade grande, deixar todo tipo de envolvimento profissional e afetivo para me aventurar numa cidade pequena, onde passei meus primeiros dezoito anos de convivência conjugal, curtir o nascimento dos três filhos, fazer uma grande plêiade de amigos e iniciar na vida profissional como professora concursada do ensino fundamental e médio pelo Estado de Mato Grosso do Sul. Sobre essa mudança tenho que narrar que vim sozinha sem a presença de pais, irmãos ou avós paternos ou maternos, pois ficaram para trás em cidades do interior de São Paulo.

Como vês o rastro, a partir de agora se ocupa do meu percurso profissional no inicio como professora do ensino fundamental, médio e posterior como professora das Universidades tanto Federal como Estadual de forma que o leitor possa perceber os lugares que trilhei para entender compreender os lugares de onde narro.

"O que eu sou é o que me faz viver."

Vamos bordando a nossa vida, sem conhecer por inteiro o risco; representamos o nosso papel, sem conhecer por inteiro a peça. De vez em quando, voltamos a olhar para o bordado já feito e sob ele desvendamos o risco desconhecido; ou para as cenas já representadas, e lemos o texto, antes ignorado. E é então que se pode escrever - como agora faço - a "história"...

Magda Soares, Metamemória-memórias (1991)

O fato de estar no presente momento participando de uma seleção de doutorado em Educação tendo de vencer três etapas, é realmente um desafio. Olho para trás e vejo que a cada fio da costura de minha formação tenho um desafio a vencer. O doutorado é meu projeto de vida e para tanto não posso ignorar, que nesse momento o desafio é escrever - o que faço agora - escrever a minha história.

O que eu sou. O que sou e o que me faz caminhar.

Para falar o que sou tenho que voltar ao começo. Minha história começa numa cidade do interior de São Paulo, Andradina, fazenda São João, região denominada Campestre, divisa com o córrego Moinho onde meus avós se fixaram na qualidade de pequenos proprietários, cultivando e lidando com o manejo do gado para tirar subsistência para o casal, cinco filhos naturais e dois de criação.

Ainda me recordo do quadro rural que sempre viveram meus pais e do autoritarismo de meus avós, dividindo o que ganhavam em proporção desiguais entre os filhos. Esses, já casados moravam em casa menor ao redor da casa grande. Toda manhã, ou melhor, de madrugada, tinha que levantar e dirigirem-se a sede para picar a cana, tirarem o leite, lavar os barracões, lidar com a desnatadeira, enfileirar os latões de leite e na hora marcada carregar o caminhão. As mulheres ficavam com os serviços ao redor da casa da sede, lavar roupas, varrer o quintal, fazer os queijos, as quitandas, os polvilhos, as farinhas de mandioca, tratar dos porcos.

Essa maneira coletiva de ganhar à vida foi por muito tempo sustentado até o ponto de vir à época dos filhos serem encaminhados para aprender a ler e escrever. E foi esse o motivo que me levou a separar-me dos pais.

Minha família não é muito numerosa, somos três irmãos, por influência de berço fomos sempre motivados a frequentar igrejas católicas. Meus pais ruralistas sempre levaram uma vida muito simples juntamente com meus outros tios, irmãos de meu pai. A primeira fazenda em que morei, foi onde nasci, não havia escola rural e isso obrigava as famílias a deixar seus filhos na cidade, em casa de famílias ou conhecidos para estudarem. Comigo não foi diferente, aos seis anos de idade fui morar com os avós maternos na cidade para estudar o primário.

Experiência muito triste pois eu não queria ficar longe da família, chorava muito, e a dificuldade para adaptação na escola foi maior ainda. Isso causou muitas visitas de meus pais na escola, uma vez que eu não fazia as tarefas e nem copiava as contas da lousa.

Sabendo que aos sábados o caminhão de leite era o único transporte, rumo a fazenda onde meus pais moravam eu saia da casa de meus avós maternos para ir a escola, porém gastava parte das horas nas ruas e voltava mais cedo para casa dizendo sempre uma desculpa matreira, tudo para não perder a carona do caminhão para a fazenda nos fins de semana.

A escola naquele momento não tinha finalidade para mim. Eu queria era brincar, correr, juntar lenha, subir nas árvores de santa bárbara que tinham ao redor da casa onde morava. Essa ausência de conhecimento da psicologia infantil[5] que retrato aqui nesse memorial era desconhecida para muitas famílias, professores inclusive a minha e isso reforçam a imagem da necessidade da reelaboração de saberes na ação docente.

Os anos se passaram e quando iniciei os estudos no ginásio meus pais se mudaram para cidade embora meu pai continuava com seu trabalho na roça , conforme chamava as lidas de fazendas no seio da família. A pouca instrução e a vida do campo de meus pais, não impediu que se preocupassem com os estudos dos filhos. Aliás essa era a meta principal deles o legado que deixaram com muito orgulho e hoje dizem o saber não ocupa lugar.

Cursei o ensino fundamental e médio em escolas públicas fui da última turma que ainda fez o curso de admissão para entrar na quinta série, método claro de exclusão, momento em que me separei dos amigos de primário, pois barrados no exame de admissão, não mais seguiam os estudos ou eram matriculados em cursinhos preparatórios. Nessa fase eu já tinha outro conceito de escola já valorizava os estudos para não ter a vida dificultosa e submissa que tinha minha mãe.

Assim os fios vão se entrelaçando pelos caminhos trilhados. Recordo ainda da conversa que tive com minha mãe e sua fala às vezes interrompida dizendo “eu queria ter estudado,mas não tive oportunidade, sempre trabalhei na roça para ajudar na família. Naquela época às coisas eram muito complicadas..."[6] Nas pausas e no silêncio deixado por ela, no tom melancólico eu pude ler “não desista aproveite a oportunidade que está tendo, eu gostaria que você não se esmorecesse”.

Compreendo que segui o caminho que minha mãe gostaria de ter seguido, hoje ela não é professora alfabetizadora, mas na verdade é professora de corte de costura, de bolear pétalas, de fazer crochê. Na primeira oportunidade que teve matriculou-se em um programa popular e na fala dela “consegui aprende a ler um pouco e agora posso anotar a lista de compras da casa, ajudar seu pai, ensinar vocês nas tarefas”. Identifico com minha mãe na sua esperança, no seu otimismo e, no entrelaçar das minhas narrativas trago vozes que falam e sustentam o fazer-ser-professora.

No primário fui vítima de castigos constantes do tipo, ficar em pé de frente as paredes dos corredores por não ter realizado alguma atividade em sala ou tarefa , ficar com os braços abertos e livros nas mãos por algum tempo, ajoelhar em grãos de milho, encher páginas de caligrafia com as mesmas frases como forma de castigo, copiar várias vezes a mesma palavra, mas nem por isso tenho marcas de revolta, sou consciente que fui fruto de uma tendência pedagógica tradicional onde entre professor-aluno não possuía diálogo conforme relata Libâneo apud Luchesi (1994, p.57), que a autoridade do professor era forte na escola tradicional qualquer comunicação entre aluno e professor não existia no decorrer das aulas, assim o “professor transmite o conteúdo na forma de verdade a ser absorvida; em consequência, a disciplina imposta é o meio mais eficaz para assegurar a atenção e o silêncio”.

Não tenho dúvidas que ao cursar o magistério à noite, em uma escola pública e o colegial no período diurno isso me proporcionou contato com autores que me trouxeram um crescimento intelectual importante. Apesar do contato com colegas dos outros cursos e do Diretório Central dos Estudantes (DCE), arraigados de ideologias não fui influenciada por movimentos políticos. Nunca participei das atividades do sindicato (mas sempre acompanhei as greves).

Comecei a trabalhar muito cedo para obter orçamento para comprar o que toda adolescente deseja sapatos novos, batom, roupas. Para isso ministrava aulas particulares em casa para os filhos dos amigos de meus pais. Fazia o papel de acompanhamento pedagógico aqueles que sozinhos não faziam as tarefas, as continhas, a tabuada. Orçamento pouco mas significativo para auxiliar meu pai entregue aos afazeres de labuta campesina e minha mãe lides da casa, costureira e ajudante dos serviços da casa na sede da fazenda de meu avô.

Iniciei a universidade em Ribeirão Preto morando em casa de família onde tinha duas características: pensão mais barata e proximidades do campo onde estudava. No ano seguinte por razões particulares mudei-me para a casa de um casal de idosos que me hospedaram por dois anos. Tornar professora era para mim era um desafio, o que eu queria mesmo e ter uma formação Universitária não me importava onde me hospedasse, se casa boa ou não, se tinha alimentação farta ou não. Minha formação foi marcada por muitas tensões, tanto familiar como financeiras e sem condição de adquirir os livros fiz da biblioteca minha morada constante. Foi nessa época que conheci minha amiga Tânia Colochio (de Guará) que também fazia o curso de letras e com ela construí uma forte amizade prolongada ao seio de sua família. Não posso negar que sempre fui alicerçada pelo sentimento de amor e compreensão da família.

Na busca de novas trilhas pisei em solo sul-mato-grossense em 1974, recém casada, com os presentes de casamento numa carroceria de camionete, fixei-me por dois anos em uma fazenda para ser por nós explorada. Antes de findar o prazo de dois anos de trancamento de matricula,matriculei-me na Universidade Federal de Mato Groso do Sul para terminar o curso de letras, então iniciado em cidade paulista. Foi aqui que desfrutei de outras grandes amizades e conheci pessoas incomparáveis como Aparecida Negri Isquerdo. Com ela aprendi o gosto da pesquisa, a confiança de poder ser docente e a oportunidade de estar na Universidade hoje.

O curso de Pedagogia veio como uma necessidade e complemento da minha formação pedagógica e contribuiu para minha lotação como professora efetiva na disciplina de Estágio Supervisonado no Curso de Letras e Pedagogia na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e, mais do isso foi a alavanca para eu estar no curso Normal Superior como professora da disciplina Fundamentos da Língua Portuguesa nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental trabalhando por oito anos com professores em formação.

Toda experiência vivida no Curso Normal Superior, os artigos produzidos, as pesquisadas realizadas, as orientações feitas foram fundamentais para que eu desse conta do meu modo de pensar e fazer educação em forma de escrita de memorial. Acerca desse gênero a concepção de Prado & Soligo (2007, p.55) vem de forma muito coerente testemunhar o que digo:

[...] um gênero textual predominantemente narrativo, circunstanciado e analítico, que trata do processo de formação num determinado período – combina elementos de textos narrativos com elementos de textos expositivos (os que apresentam conceitos e idéias, a que geralmente chamamos ‘textos teóricos’.

No dizer desse pesquisador o memorial de formação é um gênero de escrita que contempla tanto o texto descritivo, como argumentativo. Sob essa ótica considero fundamental narrar um pouco de minhas experiências pessoais, para esclarecer minhas escolhas,e também, para maior conhecimento de meus objetivos que sempre nortearam minhas ações.

Uma narrativa entrelaça o passado para compreender o futuro e voltar ao passado é uma tarefa árdua, mas emocionada , é viver um encontro com aquilo que já fiz , faço e farei. É poder falar aquilo que fui e certamente valorizar essa trajetória, pois para mim nada tem sido fácil. Por onde começar? Nesse entrelaçamento de tempos e espaços rememoro algumas passagens:

A narração se passa em um dos rotineiros sábados, em frente à escola pública onde fui estudar, na cidade de Andradina. Meus pais preocupados com o tumulto dos alunos dirigem-se a um adulto e indaga:

_______Vim buscar minha filha para levar para fazenda?
_______A professora que estava ao lado , responde:
_______A Neide não veio à aula hoje.
Num salto a mãe insiste:
_______Veio sim .Ela não está na casa da avó dizia a mãe. E outra que ela saiu de casa para vir à escola.
Só alvoroço a mãe num choro só .Os sobrinhos com as bicicletas pra lá e pra cá.O pai logo imaginou que aquela ausência estava ligada ao medo da perca da carona para a fazenda.De volta para casa onde a filha se hospedava o casal logo avistou a filha com as bagagens nas mãos, em pé aguardando na frente da casa dos avós a dita carona.
Uma outra cena peculiar foi quando a professora tomava a tabuada.
De um a um seguindo a fileira , indagava:
_____Duas vezes três?
Prontamente o colega respondia :
_____Seis.
_____Quatro vezes oito?
______Trinta e Dois.
______Cinco vezes oito?
______Quarenta e cinco.
______Quanto?
______Quarenta e cinco.
A régua trabalhava na palma da mão. Até que chegava minha vez. Eu tinha muita dificuldade de decorar , sempre tive, e nunca fui orientada a entender o processo.Essa era o método da época , decorar mesmo.
_____Cinco vezes dois?
_____Não sei professora, respondi.
_____Tente?Fala um número?
_____ Não sei.
______Então fica em pé lá na frente e leve a tabuada junto.
______Fui me juntar a outros que também não tinham acertado .

Essa duas narrações evidenciam a presença dos métodos de ensino na escola, destacando na primeira cena o sentido da escola para a criança. É certo que o prazer que sinto hoje não é fruto só das lembranças como essa, mas das relações de amor que foram sendo construídas ao longo dos anos escolares – algumas que se consolidaram e se mantiveram.

Posso falar que nasci para ser professora e gosto de ensinar, desde o início de minha vida profissional, escolhi o ensino superior como minha meta. Formada em Licenciatura Plena em Letras, pela UFMS ministrei aulas em Escolas de ensino fundamental e médio na ocasião oportuna em que surgia uma aposentadoria de uma colega de língua portuguesa em Dourados. Um ano depois fui morar em Caarapó, cidade onde permaneci por dezoito anos, ocasião em que me efetivei com a divisão do Estado de Mato Grosso.

Esse longo período e dezoito anos da minha vida representa um marco profissional, pois foi onde aprendi conduzir a sala de aula, valorizar os alunos, integrar no contexto escolar, desenvolver ações a partir de projetos, fiz do espaço escola o prolongamento da minha casa. O lugar onde morava proporcionava essa atitude em qualquer professor, pois nada tinha: cinema: biblioteca, clube, restava o contato com os colegas educadores e a escola. A relação com os alunos, a minha maneira de conduzir as aulas eram detalhes que na verdade pesavam mais que a própria teoria que trazia para ser discutida na sala.Sempre fui muito próxima dos alunos, ajudando-o afetivamente, construindo um sentimento maternal ou fraternal, aquilo que falta nos braços de muitas famílias conforme explica Bakhtin (2003, p. 148) uma relação o pai/mãe-filho (a) entre professor e aluno, uma vez que, “numa concepção social, o centro axiológico é ocupado por valores sociais [...]”.

Esse ir além da teoria em sala de aula fui dar conta quando comecei a refletir sobre minha prática, e pude constatar que o cotidiano escolar é constituído, de acordo com Certeau (2002), de experiências particulares, de atitudes solidárias e de lutas que vão organizando e delimitando o espaço escolar. Hoje entendo porque nas reuniões de pais, alguns alunos aproximavam-se com as mães para me conhecerem ou me apresentavam as famílias quando me encontravam nas missas aos domingos. Parecia que elas tinham uma necessidade de me levar para outros espaços; levavam para dentro de nossas aulas experiências de suas casas, de suas amizades, conflitos familiares.

Hoje consigo entender também que com essas atitudes solidárias, eu fui me construindo profissionalmente e descobrindo o meu modo de ser na profissão de professora, ao mesmo tempo, meus alunos estavam construindo suas identidades profissionais e para isso selecionavam e vivenciavam situações hipotéticas sobre desempenho profissional, vendo na figura do professor seu “vir a ser” ou “modos de estar” que na perspectiva de de Sadalla (1998,p. 32) “representam uma matriz de pressupostos que dão sentido ao mundo, não sendo, apenas, um mero reflexo da realidade. Elas vão sendo construídas na experiência, no percurso de interação com os demais integrantes da realidade”. De uma certa forma, eu estava sendo um modelo profissional e pessoal para os alunos, estava construindo minha identidade profissional e social e passava a ser e viver o papel de professora em Caarapó, cidade do interior de Mato Grosso do Sul.

Com o curso de Pedagogia concluído me aproximei mais ainda dos professores “de formação”, e tornei-me mais igual.Com minha mudança para Dourados fui trabalhar na Agencia de Ensino, antiga Delegacia de Ensino, ocasião que participei de todas as acessórias de implantação dos colegiados nas escolas, pela Secretaria de Educação do Estado, e de todas as ações de avaliação acerca das dificuldades de linguagem e escrita que os alunos apresentavam causando muita repetência e evasão escolar.

Minha ação como Coordenadora Pedagógica foi sempre no sentido de estabelecer parceria com os professores nas discussões dos progressos e dificuldades das crianças, encaminhando avaliações, bem como à construção de projetos e materiais didáticos que fossem significativos, estimulando o raciocínio, a reflexão, a expressão, a criatividade, o posicionamento crítico. Nesse tocante, assumi o “lugar” de quem sabe, e representei em muitos momentos uma “cultura de soluções”, em contraposição a uma cultura de “construção de problemas”.

OUTRAS PARAGENS, OUTROS RUMOS...

Apresentei-lhe a palavra gravanha.
Por instinto lingüístico achou que gravanha seria
um lugar entrançado de espinhos e bem
emprenhado de filhotes de gravatá por baixo.
E era.
O que resta de grandezas para nós são os
desconheceres – completou.
Para enxergar as coisas sem feitio é preciso
não saber nada.
É preciso entrar em estado de árvore.
É preciso entrar em estado de palavra.
Só quem está em estado de palavra pode
enxergar as coisas sem feitio.

Manoel de Barros(1998)


Estar em “estado de palavras” por meio da metalinguagem não significa ignorar o contexto social em que se constroem a realidade.Assim como Manoel de Barros num processo autorreflexido da palavra explora o espaço e a realidade , eu não poderia esquecer a noção da realidade que vivo hoje. Assim, como não posso perder de vista as transformações que vêm ocorrendo na educação e formação de professores.

É preciso enxergar as coisas a partir do uso do recurso da autorreflexão, tão bem instaurada no trecho da poesia, de Barros, como um ato reflexivo no qual a palavra é essencial em todas as relações do ser, consigo mesmo,e com seus semelhantes. Em estação como esta, eu busco as palavras e o conhecimento sobre formação de professores como recursos para eu avançar em meu intento.

Nesta paragem falo agora das Universidades por onde passei e me encontro. A partir das experiências enquanto professora na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul as memórias significativas são aquelas resultantes de atividades cujo uso da escrita extrapola o contexto de sala de aula.

Na UFMS, iniciei trabalhando com a disciplina de Leitura e produção de textos nas turmas de Pedagogia , Letras. Realizei alguns trabalhos interessantes com os alunos do curso de Pedagogia, Oficinas para serem desenvolvidas com estudantes de 1ª a 4ª série do ensino fundamental. Nos anos seguintes trabalhei com outras disciplinas pois o papel de professor em caráter de cedência não é das muitas agradáveis, tudo que sobra dos efetivos vai para os cedidos que estão ali apenas para dar aulas. Aprendi muito com os colegas de departamento e hoje cultivo com carinho essas amizades, e admiro esses profissionais sérios e comprometidos com uma educação transformadora dentre eles: professora Dircinei, Fabiany, Helder Baruffi, Aparecida Negri, Áurea Rita, Doris, Adir Casaro, Zonir, Biasotto, entre outros.

Durante certo período conjuguei docência na UFMS e na UEMS enquanto cedida da Secretaria de Educação do Estado. Após ter feito concurso público na UEMS finquei os pés nesta paragem . Aqui estou e aqui devo permanecer até a o dia que Deus quiser.

Toda a vivência profissional que construí e estou construindo me fortalece significativamente as aulas, desde as discussões relacionadas às tendências pedagógicas, passando pela estrutura e confecção de planejamentos até a avaliação como ato amoroso.

Mesmo tendo vivido o cotidiano de uma escola pública na formação dos professores, antes de chegar à universidade, esse conceito e essa possibilidade do professor/pesquisador, já fazia parte da minha docência, porém nada registrado. Tendo em vista o eixo que move a Universidade o ensino, a extensão e a pesquisa, meu trabalho tomou um outro olhar.Destarte, falar dos projetos, das pesquisas, das funções que exerço na Universidade Estadual.

Aproximei-me da pesquisa por meio do meu projeto de mestrado e mais tarde emaranhei-me em projetos de extensão e nunca mais parei.,enxergo a pesquisa como ferramenta que me possibilita encontrar caminhos as situações enfrentadas tanto em minha atividade de ensino como extensão na universidade.

Trago a marca de outros rumos trilhados nessa minha história, não fui somente trota-campo, cruza-mundo, e docente, fui também chefe do núcleo de ciências humanas , na UEMS em 2007, sou conselheira hoje, da câmara de ensino,mas trago a certeza que são estações passageiras.

A minha escolha pela linha de pesquisa no doutorado e meu interesse deve-se além ao projeto audacioso da UEMS, com o compromisso com a Educação do Estado e toda minha caminhada e projetos que desenvolvi e desenvolvo no o Curso Normal Superior onde estou desde sua implantação.

Como professora das disciplinas de Prática de Leitura e Produção de Textos – PLPT, Fundamentos Metodológicos da Língua Portuguesa das Series Iniciais do Curso Normal Superior, Estágio Supervisionado do Curso de Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS venho desenvolvendo um trabalho sobre Histórias de Leituras por meio de produções de Narrativas com a finalidade de refletir com esses professores/alunos as concepções de leitura dentro e fora da escola.

Ao longo do ano de 2006 e 2007 fui propondo atividades de escritas, por meio de narrativas, para os professores /alunos matriculados nas disciplinas em que atuo. E, a partir daí, produzi vários artigos refletindo sobre essas memórias consideradas significativas na vida dos alunos, justificando assim o meu interesse por essa temática agora no doutorado.

No ano de 2006 esse trabalho frutificou e com as narrações produzidas pelos alunos do Curso Normal Superior sobre as histórias de leitura e escrita ao logo de suas vidas foram produzidos artigos os quais foram apresentadas em semanas acadêmicas.

No ano seguinte 2007 trabalhei com projetos onde propunha aos alunos da Especialização em Educação de Jovens e Adultos e aos alunos do terceiro ano do Curso Normal Superior para que recuperasse na memória quais tinham sido as pessoas (famílias, parentes, amigos, professores) que contribuíram para a sua formação. Em suas narrativas os alunos resgataram suas próprias histórias de leitura, buscaram na memória fatos significativos como o primeiro livro ,o período da alfabetização, os livros que mais gostavam , a participação da escola, da família enfim, as significações possíveis que a leitura tem hoje em suas vidas. Foram depoimentos verdadeiros, sensíveis, comprometidos que se misturavam a suas próprias histórias de vida. Das produções geradas por essa pesquisa empírica publiquei o artigo “HISTÓRIAS DE LEITURA EM NARRATIVAS DE ALUNOS/PROFESSORES DO CURSO NORMAL SUPERIOR "[7].

Junto com as atividades desenvolvidas nas minhas aulas na Universidade e os resultados dessa experiência de desenvolver projetos que vivenciava vieram os autores que conhecera melhor e que, do ponto de vista pedagógico, sustentavam teoricamente muitas das minhas aulas: Perrenoud (1999) e a discussão sobre competências, Nóvoa (1992) e as histórias de vida dos professores dentre outros.

Ao desenvolver as ações de um Projeto de Extensão nas diferentes localidades e cidades entorno de Dourados proporcionou me um contato direto com os professores das Escolas Públicas e Municipais , e se antes o meu olhar era mais para as questões pedagógicas que envolviam o professor, passou a se voltar também para questões político-administrativo que diziam respeito diretamente à valorização da profissão. Um dos objetivos do Programa era de apoiar e incentivar o desenvolvimento profissional de professores e especialistas em educação, de forma articulada com a implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Outra questão que justifica o interesse pela temática é o fato de o Curso Normal Superior, a partir de 2007, substituir os TEPs dos alunos do Curso por memoriais. Assim os alunos /professores terão a oportunidade de narrar às experiências que marcaram não só formação de professores como a formação de leitor.

Por conta disso já realizamos encontros, palestras,distribuímos textos para leitura para subsidiar a escrita dessas memoriais. Em dezembro de 2008 o Curso terá uma produção de 100 memoriais, os quais servirão como corpus para análise dessa pesquisa e a escrita constituirá os instrumentos.

Essas narrativas memoristicas certamente trarão a átona não somente as experiências de leitura vivenciadas ao longo da vida dos professores em questão , como a formação primeira, além de relatarem as experiências vivenciadas no Curso Normal Superior como por exemplo a metodologia utilizada no curso,as disciplinas, a modalidade de ensino, trabalhos, TEPs, até porque esse Curso foi idealizado para Professores em exercício e que não tinham a Habilitação nas Series Iniciais com o termino marcado para final de 2009. Na oportunidade registro que e sou uma das remanescentes desse Projeto, estou desde sua criação e permanecerei ate o seu encerramento.

Por fim...

Fui tecendo, tecendo dando um no em cada ponto com os fios de Raquel Naveira, bebi da fonte de Hélio Serejo e sem pensar no desenho que ia se formar encerro minha narrativa, apesar de meu olhar não encontrar formas muito definidas para agradar o leitor, principalmente por ter percebido que o sentimento presente nas primeiras cenas mantém-se vivo e pulsante, como se o tempo passado só o tivesse fortalecido o presente.

Recorro a Magda Soares para encerrar esse memorial e metaforicamente dizer que vou bordando minha vida sem conhecer muitas vezes o risco do bordado, mas deixo marcas no papel da educação que exerço.

Apresento-me agora ao programa de doutorado – como fiandeira e como trilhadora de caminhos de passagem por muitos lugares e com desejo imenso de concretizar mais esse meu sonho, o derradeiro: o de estar em um programa de doutorado falando com os meus pares.

Referência

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[1] Ezequiel Theodoro da Silva é professor , graduado em Letras, Mestrado em Educação e doutorado em Educação (Psicologia da Educação).Tem experiência na área de Educação, com ênfase em pedagogia, psicologia e didática, atuando principalmente com os seguintes temas: leitura, formação do professor, biblioteca escolar  Atua como voluntário no Grupo de Pesquisa ALLE - Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade de Educação da Unicamp (Departamento de Metodologia de Ensino - Grupo de Pesquisa. Criador do Cole e um dos sócio-fundadores da Associação de Leitura do Brasil (ALB).
[2] Gladis Massini-Cagliari  licenciada em Letras,  Mestrado e o Doutorado em Lingüística professora da  Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, Campus de Araraquara.
[3]Aparecida Negri Isquerdo graduada e doutorada em Letras(Lingüística e Língua Portuguesa) Docente aposentada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Atualmente é Professora Visitante, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Programa de Mestrado em Estudos de Linguagens.
[4] O artigo da revista em que me referi é "Os desafios da linguagem" de Débora Cristina Santos e Silva da Revista Filosofia especial- Ano II, Número 08, 2008. p.57-66. E a Revista é Filosofia: fundamentos para a compreensão contemporânea da Psique. Número 11, 2008.






[5] O livro de Maria da Gloria Arregy, publicado em 1958 e sua segunda edição em 1995 “Antes que toque a meia- noite: memórias de uma professora, Belo Horizonte, Editora Carneiro & Cia constitui segundo Mignot (2003) um exemplo de escrita por meio de metáforas.
[6] Conversa  mantida com  minha mãe acerca das dificuldades que tenho enfrentado para continuar na profissão.
[7] TENO, Neide Araújo Castilho. Histórias de leituras em narrativas de alunos/professores do curso normal superior. In: IV Jornada de Educação da Região da Grande Dourados e VIII Semana Acadêmica do curso Normal Superior –Pólo de Dourados:2007. CD-ROM.







Um comentário:

  1. Estav sem um norte para construir um memorial e o seu trabalho foi inspirador.
    Obrigada.

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