sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Celi Traude Kellermann





Imagem Internet


MEMORIAL DE FORMAÇÃO



Finalmente a professora Maria me fez sentar ao lado da Ieda! Ela era minha melhor amiga, além de ser filha do primo do meu pai. Na sala de aula, eu nunca conseguia sentar ao lado dela, pois este posto era disputado pela filha da professora e pelas irmãs Áurea e Neusa, as meninas de maior poder aquisitivo da região.

Deveria ser um dia de outono ou primavera, pois chovia sem fazer muito frio. Nós levávamos nossas sombrinhas e como a professora havia se ausentado da sala por alguns instantes, tive a infeliz ideia de brincarmos com elas, uma vez que vi a Ieda puxando a sombrinha com o cabo apoiado nos dentes inferiores. Quis ser simpática e me prontifiquei a puxar a sombrinha por ela. Não deu outra! Em poucos instantes estava a menina chorando com a boca ensangüentada, o cabo escorregou e a machucou. Foi a maior confusão! Alunos que foram chamar a professora, outros curiosos em volta, e a filha da professora me acusando de que havia enterrado o dentinho que estava nascendo. Eu não sabia onde me enfiar, o povo nem me deixava pedir desculpas para a menina que afirmava para a professora que fora um acidente, que não fora proposital. Afinal de contas, esse tipo de coisa só podia vir da Celi. Não sei porque, mas esse tipo de acidentes sempre acabavam acontecendo comigo.

A filha da professora aproveitou para me afastar completamente da minha amiga prima, pois sua mãe me havia sentado em seu lugar justamente porque ela conversava muito. Assim, acabei voltando para o meu lugar ao lado do Jaime, na primeira fila, bem em frente ao quadro negro.

A Escola Rural 19 de Abril era antiga, a mesma em que meu pai estudara nos anos 1942, 43 e 44. Era toda de madeira, com muitas janelas. Tinha 3 salas, uma secretaria e uma pequena cozinha, de onde saiam sopas e bolinhos deliciosos. No assoalho de madeira haviam pequenas frestas, por onde escapuliam algumas borrachas mais descuidadas. A pipa d’água ficava na secretaria. O Pátio de terra era enorme, todo cercado por arame farpado e cerca viva, formava um triangulo com um portão grande na frente. Nos fundos havia uma passagem pequena pela cerca viva, ao lado do bananal. Em baixo da sala do primeiro ano havia espaço e altura suficiente para brincarmos de casinha quando levávamos nossas bonecas, ou em dias chuvosos. Atrás da escola, ficava o poço e bem ao fundo ficavam os dois banheiros.


Para continuar a leitura do MEMORIAL, clique abaixo em mais informações.