
MEMORIAL DE FORMAÇÃO
A cena se passa após o término do primeiro dia de aula, na saída de uma escola dirigida por religiosas, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais. A mãe, um pouco tímida e com ares de preocupação, no meio do tumulto típico das saídas de escolas, dirige-se à freira e diz:
– Irmã, vim buscar minha filha que está estudando no prezinho.
A religiosa pergunta pelo nome da criança.
– Eliane Greice.
E a professora informa:
– Mas esta criança já se foi com a irmã dela!
A mãe, aflita, rebate:
– Ela não tem irmãos, é filha única!
A partir de então é só alvoroço e aflição, a mãe descrevendo a filha repetidas vezes como uma criança de olhos grandes, cabelos compridos e lisos, bastante esperta e falante. A freira lembra-se perfeitamente da pequena, mas lembra-se, também, que, no meio da confusão de crianças, ela disse que iria embora com sua irmã. E foi.
As duas, mãe e religiosa, passaram a procurá-la pelas ruas próximas da escola e a anunciar seu desaparecimento num serviço de alto-falante que existia na praça da cidade. Numa calçada, encontraram, então, sua lancheira ainda com o guaraná ‘caçula’ da Antarctica sem ter sido consumido.
A essa altura dos acontecimentos, a mãe era choro só, o pai já havia entrado, também, na história e, com sua bicicleta, resolveu ir até em casa – pelos seus cálculos, se ela tivesse pensado como ele, já estaria lá àquela hora.
Para alívio de todos, o pai estava certo. A Greicinha – como ele carinhosamente me chamava – encontrava-se em casa e, quando indagada do porquê de sua atitude, respondeu:
– Todas as minhas colegas diziam para a professora que iam embora com suas irmãs, aí eu falei isso também.
E sobre a lancheira abandonada na calçada, argumentou:
– Estava pesada demais!
(...)
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