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DIÁLOGOS E ACOMPANHAMENTO: ITINERÁRIOS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES INICIANTES
Eu sou o homem desajeitado e de gestos xucros que veio de longe. Eu sou o homem fronteiriço que na infância atribulada recebeu nas faces sanguíneas os açoites desse vento, vadio e aragano [...] Eu vim dos ervais, meus irmãos, do fogo dos “barbaquás”, do canto triste e gemente dos urus, dos bailados divertidos, dos entreveros dos bolichos das estradas, do mais hirsuto da paulama seca, do pôr do sol campeiro, dos dutos, das encruzilhadas e das distâncias perdidas.[...] Eu vim de longe, eu sou um misto de poeira de estrada, de fogo e de queimada, de aboio de vaqueiro, de passarada em sarabanda festiva no romper da madrugada, de lua andeja rendilhando os campos, nas matas, as canhadas, o vargedo. Sou misto, também, de Índio vago, cruza-campo e trota mundo.[...] Eu vim, em verdade, dos charcos e da poeira revolvente dos tempos, mas com o conforto grandiloquente de ter sido guiado por essa luz marífica que é o farol divino que indica, este tormentoso vale de lágrimas, aos bons e aos puros de espírito o caminho certo da vida. [...] Fui gemido de carreta manchega no estirão da serra íngreme e, o fui, também, envaidecido tropel de tropilha crioula e índio aragano, trilhador de todos caminhos.Hélio Serejo - 1973